O destino colocou, mais uma vez, Palmeiras e Cerro Porteño frente a frente na Copa Libertadores da América. Depois do confronto polêmico entre as duas equipes no sub-20, marcado por um caso de racismo contra o atacante Luighi, as duas equipes caíram no mesmo grupo do torneio profissional.
Na noite da última segunda-feira (17), a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) realizou o sorteio que colocou os dois times no Grupo G, ao lado de Bolívar, da Bolívia, e Sporting Cristal, do Peru.
Dirigentes de Palmeiras e Cerro Porteño conversam nos bastidores
Após a realização do sorteio, o vice-presidente do Palmeiras, Paulo Buosi, conversou com dirigentes da equipe paraguaia sobre os casos de racismo. No evento, o Cerro Porteño foi representado pelo diretor Gustavo Samaniego e o vice-presidente Miguel Carrizosa. O caso mais recente envolveu atos racistas contra o atacante Luighi.
“Não tem resolvido. Não tem resolvido, correto? Têm que ter ações práticas. Não tenho nada contra o Cerro. Nós somos contra o racismo. Só que tem acontecido muito com o Cerro Porteño”, afirmou o dirigente alviverde, que representou o Clube no lugar de Leila Pereira.

A presidente palmeirense não compareceu ao sorteio como forma de proposta às penas brandas de racismo aplicadas pela Conmebol ao Cerro Porteño. O Verdão exigiu multa máxima, de 400 mil dólares, devido a reincidência do Clube, além de portões fechados na Libertadores Sub-20 como punição preventiva. A denúncia também exigia exclusão do Cerro Porteño do torneio.
A Conmebol, por sua vez, aplicou multa de 50 mil dólares, portões fechados na competição de base, que o time paraguaio já foi eliminado, e uma mensagem de conscientação, nas redes sociais.
Palmeiras critica discurso da Conmebol
O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, fez um discurso durante a cerimônia, admitindo que sanções não são suficientes contra o racismo no futebol. Em entrevista ao Globo Esporte, Buosi lamentou a falta de punições pesadas contra casos do tipo.
“O presidente (da Conmebol) fez um discurso bonito, pena que não traduzem em ações efetivas para acabar com esse grande problema que, eu concordo com ele, a sociedade tem. Mas o futebol é um grande espelho e uma ferramenta para mudar a sociedade. Na América do Sul o futebol tem um peso muito grande, é mais um detalhe ainda que a gente deveria aproveitar para mudar o que a gente consegue mudar na sociedade, para acabar com racismo, discriminação e intolerância. A gente acredita que a impunidade é o combustível para novas manifestações racistas, discriminatórias. Enquanto não tiver alguma coisa séria e pesada, infelizmente não vai mudar. Pode fazer comissão, o que for. Enquanto não tiver punição a impunidade vai continuar. Não estou falando o que eu acho, é o que tem acontecido, todos os anos têm se repetido. Enquanto não tiver uma punição exemplar não vai mudar. A gente vai continuar falando, nem que seja sozinho. Temos que dar um basta nisso“, disse o dirigente palmeirense.